“La forma de las horas”, longa argentino, e o brasileiro “Legalidade” abriram os concorridos debates desta manhã no Hotel Serrazul.
A mistura de ficção com realidade, a emoção de revisitar um personagem icônico do gauchismo, a reconstituição de época e a importância de conhecer a história do Brasil foram tema que mobilizaram o debate em torno do longa “Legalidade”.
A atriz Cleo foi indagada sobre a construção de sua personagem. Falou de ter pesquisado, com o diretor Zeca Brito, sobre as sensações e os climas políticos da época. E lembrou-se de uma história familiar: “Minha avó materna tinha um retrato do Brizola em casa, ela achava ele o máximo. Eu tinha quatro anos e também achava ele bonito”, contou.
Pai do diretor, Sapiram Brito é ator no filme e ressaltou a importância de “Legalidade” em atualizar temas sobre a política brasileira: “O filme serve para iluminar este momento de obscurantismo que estamos vivendo. Não temos memória e, de alguma forma, o filme tem uma missão cumprida como um discurso cívico sobre o último grande líder brasileiro”.
Para o diretor Zeca Brito, a exibição em Gramado foi animadora: “Senti expectativa e certa perplexidade pelo que mostramos. Creio que o filme desperta uma dimensão de afeto pelo Brasil, uma ressignificação dos valores do Brasil”.
“La Forma de las Horas” fala de amor. Mas também conta sobre política e políticas quando escancara as dificuldades por que passamos, latino-americanos, para a realização de projetos artísticos.
Na mesa, a diretora Paula de Luque, os atores Julieta Díaz e Jean Pierre Noher. Julieta é muito conhecida pelos argentinos por seus trabalhos na TV, e Jean Pierre participou de várias novelas brasileiras. Neste momento ele filma a séria Maradona, da Amazon, na qual faz o papel de um agente do jogador.
Ministério da Cidadania, Secretaria de Estado da Cultura e Gramado Parks apresentam o 47º Festival de Cinema de Gramado. Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio: Stella Artois. Copatrocínio: Banrisul. Apoio especial: TCL. Apoio: Stemac Grupos Geradores, Lugano, Cristais de Gramado, G2 Net Sul, Café 3 Corações, Le Jolie, Laghetto Hoteis, Canal Brasil, Tecna Puc;. Apoio institucional: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Fundacine, ACCIRS, IECINE, APTC/ABD RS, SIAV e Museu do Festival de Cinema de Gramado. Transportadora Aerea Oficial: Gol; Agência Oficial: Brocker Turismo. Transporte Oficial: Kia. Agente Cultural: AM Produções. Promoção: Prefeitura de Gramado. Financiamento Pró-Cultura RS, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Sul; BRDE, Fundo Setorial do Audiovisual e Ancine – Agencia Nacional do Cinema. Realização: Gramadotur, Ministério da Cidadania, Governo Federal, Pátria Amada Brasil.
Além de diretora, Paula de Luque é bailarina e coreógrafa. Ela contou como usou recursos despojados de artifícios como a dança em solos da bailarina Paula Robles, para narrar uma história universal de amor e separação. Entre esses recursos estão também os muitos primeiros-planos com os atores, os espelhos plásticos de efeitos perturbadores e uma casa vazia. “A casa sólida, de tijolos crus, é também protagonista no filme. Protagonista na vida do casal que se desfaz, ela é o território do amor e do desamor”. Segunda a diretora, a falta de recursos foi a causa principal para o uso de soluções simples e criativas na realização do longa.
Paula, Julieta e Jean-Pierre fazem parte de El Club, grupo de artistas profissionais com extensa trajetória que se associaram, sem qualquer apoio estatal, para realizarem suas produções. Eles ressaltaram que o filme foi feito com recursos próprios num país em que a falta de políticas públicas para as artes e o cinema é uma duríssima realidade. “A primeira coisa que esses governos – na Argentina e em outros países, como o Brasil – se empenham por concretizar é acabar com a Cultura. Porque a Cultura ajuda a construir a autoestima de um povo, e um povo sem autoestima é fácil de derrotar”, sentencia. No entanto, ela diz que estão todos esperançosos com a provável mudança na política – as eleições presidenciais se aproximam – e que seguem lutando em El Club.
Jean Pierre Noher encerrou o debate com palavras dedicadas a Leonardo Machado, ator e apresentar do Festival de Cinema de Gramado, morto em setembro de 2018. “Um grande ator e um grande amigo”, disse emocionado.