Criado para ser um espaço de discussão e busca de soluções para os gargalos da cadeia audiovisual brasileira, o Gramado Film Market – Conexões centra sua programação, nos dias 24 e 25 de agosto, no financiamento e distribuição de produções nacionais. “Em um ambiente em que as possibilidades para o setor aumentam em grande dimensão, com volume de recursos crescentes e canais de exibição surgindo, notamos a necessidade de um encontro para reflexão e definição de estratégias”, aponta Gisele Hiltl, a coordenadora do Gramado Film Market – Conexões.
Haverá debate sobre as políticas públicas de distribuição, oferecido pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), apresentação das estratégias do Canal Brasil de promoção do conteúdo nacional e ainda uma aula sobre as ferramentas de financiamento e produção audiovisual canadenses. “Ao contrário do que ocorre no Brasil, no Canadá os contratos de financiamento incluem obrigatoriamente acordos de venda do conteúdo”, explica uma das representantes do país norte-americano no evento, Dina Thrascher.
A Ancine tem voltado sua inteligência para esse aspecto, identificando pontos nos quais é preciso incidir para ampliar as possibilidades do setor audiovisual brasileiro. No diagnóstico que faz do escoamento da produção nacional, a agência mostra que as distribuidoras brasileiras tem mantido uma média próxima ou superior a 40 milhões de ingressos vendidos anualmente desde 2010 e estão a ponto de dominar um terço do mercado no país.
Em contrapartida, a produção de filmes brasileiros quadruplicou nos últimos anos (em 2016, foram 143 longas-metragem lançados) e há previsão de um novo recorde neste ano. Na sexta-feira, um painel protagonizado por dois dos mais importantes nomes do cinema nacional, Luiz Carlos Barreto e Cacá Diegues, fará um panorama dessa evolução ao longo da história recente.
Ainda há grande concentração desse mercado no Rio de Janeiro e em São Paulo, que juntos somam mais de 80% dos audiovisuais lançados entre 2008 e 2015. O terceiro estado com maior produção é o Rio Grande do Sul, com o equivalente a 4,8% da produção nacional.
Mas há uma busca por uma maior equidade: os recursos do Fundo Setorial do Audiovisual destinados à Região Sul do Brasil, por exemplo, que desde 2009 não haviam passado de 9%, em 2015 representaram 16% do total. Também tem havido acréscimos nos repasses para as regiões norte e nordeste, que em 2009 estavam fora do radar da Ancine e nos últimos dois anos já são superiores a 20%. Também são essas regiões do país onde mais se amplia o parque exibidor brasileiro. Outra boa notícia é que 60% das novas salas de cinema abertas no Brasil são em cidades do interior.
Por outro lado, os serviços de “vídeo on demand” são uma possibilidade concreta para produtores audiovisual: no Brasil, há 32 canais operando. A Netflix, segunda em audiência nacional, atrás apenas do YouTube, tem 7 milhões de assinantes no Brasil, mesmo número do principal canal de TV fechada, a NET. Aliás, a participação das produtoras independentes nas grades desses canais cresceu de 1,4%, em 2009, para 10,9% no ano passado após a entrada em vigor do marco legal da TV por assinatura.
A distribuição também domina a programação das rodadas de negócios, com representantes do Canadá, Canal Brasil e Globo recebendo propostas e projetos para desenvolvimento.
Capacitação e novas técnicas também em pauta
O Gramado Film Market – Conexões também abre generoso espaço para a qualificação da mão de obra do setor audiovisual brasileiro durante esta edição. Técnicas inovadoras, como o desafio de filmar usando realidade virtual e os efeitos visuais no cinema, TV e em games são alguns dos temas de painéis oferecidos na programação. Haverá ainda workshops de composição em 3D e chromakey & máscaras, entre outros. Criação de personagens, roteiro e edição em audiovisual também estão entre as opções de oficinas neste Gramado Film Market – Conexões.
Grande parte da programação técnica – especialmente a ligada a efeitos visuais, área em que se destaca – é oferecida pela delegação do Canadá, que é o país homenageado do 45º Festival de Cinema de Gramado. O país também é o promotor da mostra Conexões Femininas, dentro do GFM, que terá projeção de filmes de cineastas mulheres que produzem no país norte-americano e um debate que contará com a participação da curadora do festival Eva Piwowarski (Argentina), das brasileiras Lucy Barreto e Eloíza Mara da Silva e ainda com as cineastas Carol Nguyen e Amber Fares. O embaixador do Canadá, Riccardo Savone fará o encerramento do evento.
Ministério da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, BNDES, Golden Gramado e KM de Vantagens Ipiranga apresentam o 45º Festival de Cinema de Gramado. Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio: Net e Claro e Stella Artois. Copatrocínio: Banrisul – Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Todos pelo Rio Grande. Apoio especial: Museu do Festival de Cinema de Gramado e CVC, sempre com você. Apoio: Stemac, Grupo Geradores, Lugano, Laghetto Hotéis, Kia, Naymarm CiaRio, O2 Pós, Cristais de Gramado, Net Sul, Bafo na Nuca Música, Canal Brasil, RBS TV, Estação Filmes e Gramado Professional Hair. Apoio institucional: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Fundacine, ACCIRS, IECINE, APTC/ABD RS e SIAV. Agência Oficial: Vento Sul Turismo. Ingressos: Imply. Age