Carregando como título o nome de sua personagem principal, “Majur” é um documentário mato-grossense que conta a história de um chefe indígena transgênero, morador de uma aldeia no sul do Mato Grosso. A obra integra a mostra competitiva de curtas brasileiros e foi exibida na noite de domingo (19).
Diretor do filme, Rafael Irineu mora no interior do estado e se mudou para a capital, Cuiabá, para estudar radialismo na Universidade Federal do Mato Grosso. Para rodar o curta, era preciso se deslocar até a localidade onde está a aldeia – o que aconteceu ao longo de um ano, tempo em que os realizadores acompanharam a comunidade indígena. “Foi um processo bem difícil: era um dia para viajar, um dia para gravar e outro para voltar”, conta.
O diretor conheceu Majur (a personagem) em um projeto anterior que havia realizado na aldeia. Por manter contato com ela, teve a ideia de fazer o filme sobre a sua biografia. Rafael conta que a pedido de Majur, o projeto do filme foi mantido em segredo durante todo o tempo de gravação, mas depois de seu lançamento em um festival de Cinema LGBT em Goiás, ele foi oficialmente aberto ao público. “Gravamos em segredo para não envolver a família dela nem a aldeia, por ser um tema um pouco complicado, principalmente dentro da cultura indígena. E hoje não é mais um segredo, nem o curta-metragem e nem a orientação de Majur”, comemora, salientando a importância de se tratar sobre o tema na sociedade.
Como chefe de comunicação, Majur tem papel importante na região. É responsável por fazer a ligação entre aldeia e cidade, reivindicando todo apoio que a comunidade necessita. “O filme fala de uma pessoa positiva que apoia toda uma aldeia. Quando o público vê a essência dela, o respeito é maior”, acredita. “É uma mensagem que fortalece não apenas Majur, mas toda pessoa que tem empatia pelo tema e que também vive esses mesmos dilemas”, completa.
(Texto: Iago Kieling / Foto: Cleiton Thiele /Pressphoto)
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