Os 40 anos de carreira – com grande reconhecimento popular – não prepararam o ator Edson Celulari para a emoção de receber o Troféu Oscarito no 46º Festival de Cinema de Gramado. Depois de desfilar pelo tapete vermelho, recebendo o carinho do público que enfrentou a chuva e o frio, e subir ao palco sob aplausos e ao ritmo de samba – com direito a um passista relembrando seu personagem na versão cinematográfica de “A Ópera do Malandro” – Celulari emudeceu ao chegar ao púlpito. Só após alguns segundos, com o fôlego retomado, agradeceu ao evento e ao carinho da recepção: “Que noite fria, que noite quente! É emocionante estar aqui”.
Não era para menos, como o próprio ator fez questão de salientar: “Tenho 40 anos de carreira, e quando comecei, esse festival já era uma referência”. De fato, em 1981, quando Celulari recebeu o prêmio de melhor ator no festival de Brasília, em sua estreia no cinema com “Asa Branca”, o evento na serra gaúcha já tinha quase uma década de existência. “O cinema me aproxima aqui do sul, onde tenho grandes parceiros e amigos com quem trabalho, como o Paulo (Nascimento, diretor) e Léo (Machado)”, explicou.
Foi a deixa para o apresentador do Festival, que atuou a lado de Celulari em “Teu mundo não cabe nos meus olhos”. Léo Machado pediu licença ao protocolo para prestar sua reverência pessoal ao companheiro de trabalho. “Um grande homem, um exemplo de lutador… meu amigo!”, disse.
Outra mensagem recebida por Edson Celulari no palco foi da também colega de elenco de “Teu mundo…”, a atriz argentina Soledad Villamil. “Um grande ator, generoso, companheiro, que sabe contar piadas. Esse prêmio é mais que merecido”, defendeu, em vídeo exibido no telão do cinema.
Celulari, por sua vez, prometeu “mais 40 anos” de trabalho dedicado ao cinema e à dramaturgia em geral. “Agora, de mãos dadas com o Oscarito, ninguém me segura”, assegurou.
De ator a diretor
Os planos para o próximo período, entretanto, incluem não só novos projetos como ator, mas sua primeira experiência como diretor de um longa-metragem. A estreia será com um texto do amigo e companheiro de outros trabalhos, o gaúcho Paulo Nascimento, com quem Edson Celulari está finalizando o roteiro de “Atlântico-Pacífico”.
“É uma história de pai e filha que nunca foram muito próximos e decidem fazer uma viajem de carro do Rio Grande do Sul até o Chile, passando por Uruguai e Argentina”, revela. “Mais do que isso não posso contar; ainda estamos no início”, completa.
Não será, entretanto, sua primeira experiência atrás das câmeras, pois Edson Celulari já dirigiu um curta-metragem: “Cinzas”, que, embora filmado nos Estados Unidos, foi finalizado no Rio Grande do Sul.
(Texto: Naira Hofmeister / Foto: Edison Vara/Pressphoto)