Não é de hoje que as mulheres batalham por um espaço mais expressivo na sociedade. Buscam trazer suas trajetórias, suas visões de mundo, suas crenças. Almejam postos de trabalho, representações políticas, existência e resistência em todos os espaços do cotidiano.
E podemos dizer, seguramente, que tivemos muitos avanços nos últimos anos. No setor audiovisual, inclusive. Se pegarmos um panorama da última década de Gramado, um percentual significativo de filmes idealizados por mulheres esteve presente no Palácio dos Festivais. Como não lembrar das atuações memoráveis de Marcélia Cartaxo como Pacarrete, de Andréa Beltrão como a saudosa Hebe Camargo ou da entrega de Maria Ribeiro ao dar vida à personagem Rosa? Isso apenas em nossa história recente, pois ao longo de cinco décadas tivemos atuações memoráveis de Fernanda Torres, Sônia Braga, Marieta Severo, Marília Pêra, Marisa Paredes, Denise Fraga e muitas outras.
O olhar feminino pulsa em Gramado. Da sensibilidade de Laís Bodanzky, passando pelo realismo social de Anna Muylaert, até a ficção crítica de Renata Pinheiro. Apenas citando algumas grandes realizadoras que fazem parte da história recente deste festival. Podemos citar, ainda, os inestimáveis trabalhos de produtoras como Lucy Barreto, Nora Goulart e Sara Silveira.
Mas Gramado não é apenas uma vitrine para o trabalho de mulheres; é feito por mulheres. Desde questões administrativas, passando pela produção, comunicação, relações públicas, coordenação de conteúdo, palco, até chegar na curadoria.
Hoje, a curadoria é composta majoritariamente por mulheres. Soledad Villamil e Dira Paes compõem dois terços da equipe. São mulheres fortes, posicionadas artística e politicamente e muito respeitadas em suas áreas de atuação. Em cinquenta anos de trajetória, nunca havíamos tido um corpo curatorial assim.
São pequenos grandes passos dados rumo a uma coexistência natural. Cada espaço conquistado, cada filme exibido, cada homenagem recebida. Pode parecer pouco, mas de grão em grão vamos fazendo um cinema cada vez mais plural e, assim, quem sabe, auxiliamos no desenvolvimento de uma sociedade mais democrática e diversa.
Essas palavras são para você, estudante que fez um curta na faculdade, que voltou a atuar recentemente, que integra a equipe de montagem de algum filme ou que esteja desenvolvendo um novo projeto: estamos aqui por vocês! Saibam que Gramado será sempre uma janela aberta às mulheres. Sigam confiando seus filmes a este festival.
Viva ao cinema brasileiro e viva ao cinema feito por elas!