Um movimento de cineastas e produtores de cinema de toda a América Latina completa 50 anos em 2017 e será recordado em Gramado. Foi em 1967, no festival de Viña Del Mar, no Chile, que figuras da sétima arte continental como os brasileiros Glauber Rocha e Cacá Diegues e os argentinos Pino Solanas e Gerardo Vallejo se reuniram para debater uma forma de fazer cinema que refletisse a situação política e social da América Latina.
“Foi um momento histórico, que deu início à formação de uma rede de cineastas comprometidos com retratar a realidade de seus países”, recorda a curadora do 45º Festival de Cinema de Gramado Eva Piwowarski, que viveu os acontecimentos daquele momento.
Ela vai contar sua experiência em uma mesa ao lado do estudioso do audiovisual latino-americano, o chileno radicado nos Estados Unidos Pedro Zurita, que vai analisar as conseqüências desse movimento: “A ideia é poder falar dos personagens, dos filmes, do intercâmbio de influências. Foi um movimento que partiu do cinema mas abarcou inclusive outras expressões artísticas, como a literatura e as artes plásticas”, explica.
O escritor Gabriel García Marquez, por exemplo, que fez experimentos como diretor e roteirista de cinema, criou a Fundação Novo Cine Latino-americano, já nos anos 80, mas como consequência direta dessa reunião em Viña Del Mar. A Escola de Cinema de Havana, em Cuba – com visão de caráter integrador – também foi fruto daquele momento.
O título do debate, que ocorre a partir das 14h, no Hotel Serra Azul – “Utopia vigente” – revela que as bases do manifesto de 1967 ainda permanecem como bandeiras a serem levadas adiante pelos produtores audiovisuais na América Latina do século XXI.
“Ainda há uma tensão muito forte que envolve o desafio de fazer cinema relevante, de grande alcance, mas que tenha conteúdo ético e estético genuinamente latino-americano. Esse desafio permanece e talvez tenha se ampliado, pois o domínio da linguagem da indústria norte-americana se estendeu inclusive para a nossa produção”, acredita Eva.
Zurita concorda: “Atualmente temos muita tecnologia disponível e qualquer um faz cinema com dois pesos, mas isso não pode substituir a criatividade e o talento”, afirma.
Após o debate, Zurita fará o lançamento de seu mais recente livro, “Road Book del Cine Latinoamericano”, no qual percorre todos os países do continente entrevistando cineastas sobre suas escolhas e reflexões na profissão.
Serviço: Cinema latino-americano em debate
14h – Mesa “50 anos do encontro de Viñadel Mar – Utopia vigente do Cinema Latino Americano” com Eva Piwowarski e Pedro Zurita
16h – Lançamento do livro “Road Book del Cine Latinoamericano” de Pedro Zurita
Sala Diamante – Hotel Serra Azul
Ministério da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, BNDES, Golden Gramado e KM de Vantagens Ipiranga apresentam o 45º Festival de Cinema de Gramado. Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio: Net e Claro e Stella Artois. Copatrocínio: Banrisul – Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Todos pelo Rio Grande. Apoio especial: Museu do Festival de Cinema de Gramado e CVC, sempre com você. Apoio: Stemac, Grupo Geradores, Lugano, Laghetto Hotéis, Kia, NaymarmCiaRio, O2 Pós, Cristais de Gramado, Net Sul, Bafo na Nuca Música, Canal Brasil, RBS TV, Estação Filmes e Gramado Professional Hair. Apoio institucional: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Fundacine, ACCIRS, IECINE, APTC/ABD RS e SIAV. Agência Oficial: Vento Sul Turismo. Ingressos: Imply. Agente Cultural: Mais Além Produções. Promoção: Prefeitura de Gramado. Financiamento Pró-Cultura RS, Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Realização: Gramadotur, Ministério da Cultura, Brasil, Governo Federal.